A Conferência virtual Nordeste, realizada na última sexta-feira (20), encerrou o ciclo de debates virtuais regionais sobre a importância da ciência e tecnologia na construção de país menos desigual e mais democrático e os sucessivos cortes orçamentários que impedem a continuidade da pesquisa pública brasileira.
Durante o mês de novembro, foram realizadas cinco conferências regionais, que terão como fechamento a Conferência Virtual Nacional, no próximo dia 9 de dezembro. Esses eventos fazem parte da Campanha Nacional em Defesa da Embrapa Pública Democrática e Inclusiva realizada pelo SINPAF, sob a coordenação da Diretoria de Ciência e Tecnologia.
Conforme explicou a professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Sônia Meire Santos, o Brasil passa por uma redução drástica de investimentos destinados à pesquisa pública. “Só no governo Temer tivemos R$ 330 milhões a menos. Em 2019 foram reduzidos 2,4 bilhões das instituições de pesquisa. A Embrapa, infelizmente, também sentiu os efeitos desse contingenciamento. Somente neste ano, a empresa já perdeu R$ 519,50 milhões de seu orçamento.
“Os cortes vêm junto com a destruição completa das empresas públicas. Não podemos nos calar, temos que denunciar, que resistir e unificar nossas forças na defesa dos serviços públicos. “É um dever de todas e todos para que possamos defender a democracia plena. Temos um governo autoritário que não precisa de gente para pensar, para produzir conhecimento e para defender a maioria da população e nosso ambiente. O atual governo reduz recursos da pesquisa porque ele não tem nenhum interesse em manter as comunidades, garantir direito à terra, ao trabalho”, disse a professora da UFS.
Marize Carvalho, professora da Universidade da Bahia (UFB), também reafirmou que a construção de um projeto de nação democrática, soberana, menos desigual e com desenvolvimento sustentável precisa incluir na agenda coletiva e na militância diária a defesa da ciência e tecnologia. Porém, ela destaca que a reversão desse processo depende de uma luta unificada dos servidores municipais, estaduais e federais.
“Que possamos enfrentar de forma coletiva esse negacionismo do governo federal, que atinge a todas(os) e, em especial, a população pobre desse País. A área de ciência e tecnologia, em suas dimensões, está passando por um processo de disputa. Constatamos esses fatos pela destruição do Estado democrático de direito e, também, pelo conjunto de medidas inconstitucionais que visam destruir os serviços públicos, com a vigência da Emenda Constitucional 95, e os direitos da classe trabalhadora, com a reforma trabalhista e agora com a reforma administrativa”, enfatizou Marize.
Na segunda parte do debate, as discussões abordaram os rumos da pesquisa agropecuária e o papel da Embrapa Pública, Democrática e Inclusiva. Os pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros, João Roberto Correia, e Embrapa Agroindústria Tropical, Hellenira Ellery Vasconcelos, fizeram reflexões relativas ao conjunto de práticas da Embrapa para inclusão de comunidades tradicionais e valorização da potencialidade estratégica do Nordeste, considerando a diversidade ambiental, socioeconômica e cultural.
Segundo João Correia, mais de 70% da nossa produção de alimentos vem da agricultura familiar, sendo que 25% do território brasileiro é ocupado por comunidades tradicionais como quilombolas, indígenas, entre outras. E a pesquisa agropecuária pública precisa considerar essas comunidades.
“É a sociedade que está colocando para empresa que esses segmentos são fundamentais. Se a gente pensa em uma Embrapa democrática e inclusiva, ela precisa incluir realmente essa população que estão demandando o nosso trabalho e que necessita de uma instituição pública. O papel da Embrapa nesse momento é estar atenta a essas demandas”, concluiu João Roberto.
Clique aqui e tenha acesso aos vídeos da Conferência virtual Nordeste e de todas as outras Conferências regionais realizadas pelo SINPAF.
Fonte: SINPAF, disponível em http://www.sinpaf.org.br/index.php/comunicacao/noticias/1396-conferencia-virtual-nordeste-enfatiza-a-importancia-da-luta-coletiva-para-reverter-o-negacionismo-e-a-crise-orcamentaria-que-atinge-a-pesquisa-publica-no-brasil
MOVIMENTO PELA CIÊNCIA&TECNOLOGIA PÚBLICA 