Frente parlamentar luta para reabrir Fafen no PR. Fábrica pode produzir oxigênio

CUT

Um grupo de deputados estaduais do Paraná protocolou na quarta-feira (10), um pedido na Assembleia Legislativa do estado para que sejam retomadas as atividades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), pertencente à Petrobras, fechada em março de 2020 pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL).

Além de preservar quase 400 empregos diretos e 600 indiretos, a reabertura da unidade representaria um importante instrumento para salvar vidas durante a pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 273 mil brasileiros de Covid-19, alguns deles morreram asfixiados por falta de oxigênio, como aconteceu em Manaus (AM) e em várias cidades do interior do país.

A Fafen-PR tem capacidade para produzir 30 mil metros cúbicos de oxigênio por hora, o que daria para encher 30 mil cilindros hospitalares de pequeno porte, com capacidade média de 20 inalações de 10 minutos cada. Isso ajudaria a garantir o suprimento ao sistema de saúde e evitar dramas como o vivido pelos manauaras.

O petroleiro Roni Barbosa, secretário de Comunicação da CUT e dirigente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR e SC), afirma que a reabertura da fábrica é uma urgência sanitária e em defesa da vida.

“Precisamos produzir oxigênio nessa fábrica para salvar vidas de muitos brasileiros e brasileiras que agonizam nas UTI’s dos hospitais”, diz o dirigente.

E basta boa vontade. Atualmente a fábrica está hibernada, com poucos trabalhadores na segurança e na manutenção. De acordo com informações do Sindipetro PR e SC, tecnicamente, como há uma planta de separação de ar na unidade, ela pode, com uma pequena conversão, produzir o oxigênio hospitalar.

“A Fafen-PR tem uma planta de separação de ar, que, com uma pequena modificação, poderia ser convertida para produzir oxigênio hospitalar, ajudando a salvar vidas nesse momento dramático da pandemia, que atinge novos picos em diversos estados do país”, afirma Gerson Castellano, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e um dos muitos funcionários demitidos, após o fechamento da unidade.

De acordo com o dirigente, se a fábrica estivesse em operação, com dois turnos diários de seis horas, poderia fornecer ao país 360 mil metros cúbicos de oxigênio por dia. Atualmente, o consumo diário de oxigênio só no Amazonas é de 76 mil m³.

“Infelizmente sabemos que a pandemia vai piorar e aumentar a capacidade de produção de oxigênio para fornecer aos hospitais será uma questão humanitária”, diz Castellano.

Frente de luta pela reabertura
O pedido entregue ao chefe da Casa Civil, Guto Silva, é assinado pela frente parlamentar formada pelos deputados do PT, Arilson Chiorato, José Rodrigues Lemos, Luciana Rafagnin e Antonio Tadeu Veneri; além de Maurício Thadeu de Melo e Silva e Antônio Anibelli Netto, ambos do MDB.

Guto Silva auxiliará os trabalhadores representados pela FUP e parlamentares nas negociações com a Petrobrás.

Deputados federais do PT também se mobilizaram
O Partido dos Trabalhadores protocolou uma manifestação no Supremo Tribunal Federal (STF) em 20 de janeiro deste ano, pedindo a reabertura da unidade e que a Presidência da República tomasse todas as providências para garantir o abastecimento de oxigênio aos hospitais de todo o país.

Perda de empregos
Além de desprezar a capacidade e a importância da fábrica neste momento, o governo de Bolsonaro, ao encerrar as atividades da unidade, ainda deixou cerca de mil famílias desamparadas e sem perspectiva de recolocação no mercado de trabalho, em um momento de aprofundamento da crise social e econômica, no início da pandemia.

Até hoje, esses trabalhadores têm dificuldade de conseguir uma nova fonte de renda e se organizam para buscar uma solução. O fechamento da fábrica pegou a todos – trabalhadores, FUP e sindicatos – de surpresa, sem qualquer negociação, o que levou a categoria a realizar uma greve histórica, no ano passado, que durou 21 dias.

À época, até mesmo as famílias de trabalhadores se mobilizaram, participando das manifestações diárias, realizadas pelos funcionários da fábrica. Eles chegaram a se acorrentar nos portões da fábrica em protesto contra o fechamento da unidade.

História da fábrica
A “Ansa/Fafen-PR” operava desde 1982. Em 2013 foi adquirida pela Petrobrás em 2013. A unidade produzia diariamente 1.303 toneladas de amônia e 1.975 toneladas de ureia, de uso nas indústrias química e de fertilizantes, o que representava cerca de 30% da produção nacional.

Produzia ainda 450 mil litros por dia do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), um aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas e tinha capacidade para produzir de produzir 200 toneladas/dia de CO2, vendido para produtores de gases industriais; além de 75 toneladas/dia de carbono peletizado, vendido como combustível para caldeiras; e 6 toneladas/dia de enxofre, usado em aplicações diversas.

A alegação da Petrobras para o fechamento foi de que a fábrica dava prejuízos e a estatal definiu sair do mercado de fertilizantes. Com isso, o país aumentou ainda mais a dependência de importação de fertilizantes para a agroindústria.

Porém, conforme explica Roni Barbosa, a fábrica não era deficitária e prova disso é que outras duas unidades – em Sergipe e na Bahia – já estão sendo reativadas após terem sido arrendadas pela iniciativa privada.

“Foi mais uma série de mentiras, como é costume do governo, para sucatear as operações da Petrobras. As outras duas unidades foram arrendadas por R$ 70 milhões por ano, durante 10 anos e o lucro estimado – por ano – é de R$ 2 bilhões. Isso prova que as empresas não dão prejuízo”, diz Roni Barbosa.

De acordo com Gerson Castellano, a expectativa a partir de agora é de que a frente parlamentar possa fazer pressão sobre a Petrobras e o governo federal para que a unidade de Araucária volte a funcionar e, além de produzir o oxigênio “que será mais do que necessário nesse momento da pandemia”, também reduza a necessidade de importação de fertilizantes.

Fonte: CUT, disponível em https://www.cut.org.br/noticias/frente-parlamentar-luta-para-reabrir-fafen-no-pr-fabrica-pode-produzir-oxigenio-9e63

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